Um pequeno relato sobre o desenvolvimento deste jogo
Este jogo nasceu da vontade de criar um conteúdo online para a exposição “Encontros Ameríndios”, e também devido à atual situação e impossibilidade de muitas pessoas irem até a exposição. A ideia foi levar um pouco da exposição até as pessoas e também atingir outros públicos.
Tivemos que escolher deliberadamente um projeto que se encaixasse em nossas restrições. O escopo do jogo teria que ser pequeno, e a quantidade de animações reduzida (ou inexistente). Também teria que ser algo não muito complicado para programar.
Fizemos algumas reuniões com a equipe que colaborou com o projeto, e decidimos criar algo que tivesse aparência e regras em geral familiares para muitas pessoas. Como nosso tempo de prototipagem, testes e desenvolvimento foi de apenas 3 meses, optamos por fazer algum tipo de jogo de cartas.
No final decidimos por um “jogo da memória”, mas com alguns conteúdos extras. Quando o jogador vira um par correto, o nome da obra e do autor são mostrados e falados. Meus companheiros na criação deste jogo, Vítor Massao, Diana Vaz e Thiago Ruiz, criaram os gráficos, gravaram e editaram os áudios.
Como o jogo contou apenas com um desenvolvedor, neste caso eu, e com uma experiência de programação de jogos limitada à experimentos e protótipos, decidi usar uma máquina de jogo na qual a maior parte do desenvolvimento ocorresse de forma visual.
No espírito do ETA - Espaço de Tecnologias e Artes, escolhi usar exclusivamente ferramentas de código aberto. Também era necessário que existissem exemplos e tutoriais. Minha primeira ideia foi usar o software Construct, que lembra muito a linguagem Scratch (voltada para o ensino de programação para crianças), porém focado no desenvolvimento de jogos. Descobri que esta ferramenta se tornou proprietária (seu código foi fechado) há alguns anos, então essa opção foi logo descartada.
Depois de pesquisar mais um pouco, descobri a ferramenta GDevelop, que atendia todos os critérios: código aberto, possui uma linguagem visual, rápido para criar e testar protótipos, com muitos exemplos e tutoriais disponíveis.
Comecei a fazer alguns tutoriais para me familiarizar com a ferramenta. Depois de pouco tempo já estava conseguindo adicionar e modificar diversos itens nos jogos que havia criado através dos tutoriais. Contudo, alguns aspectos da ferramenta estavam me incomodando, pois como eu sei programar e conheço os conceitos de programação, as limitações e restrições da linguagem visual começaram a me atrapalhar. Algumas coisas simples, como loops, ficavam longos e demorados para criar, quando comparado a uma linguagem de programação tradicional.
Acho a GDevelop uma ferramenta excelente para pessoas que tem um conhecimento pequeno (ou nenhum) de conceitos e ideias de programação, e não querem aprender muito mais sobre o assunto. Se você quer criar um jogo sem saber programar esta é definitivamente uma ótima opção, além da vantagem de ser uma ferramenta de código aberto.
Decidi então encarar meus medos e partir para uma máquina de jogo “de verdade”. A escolha natural para mim foi o software Godot (a outra opção era a Pygame), pois já tinha tentado fazer algumas coisas com ele, além do que a documentação é bem completa, e atende a todos os outros critérios.
Depois de assistir alguns tutoriais (principalmente este e este), já estava conseguindo fazer e modificar a minha própria versão de um jogo da memória. Apesar de uma linguagem visual estar sendo implementada, eu não tive muitos problemas em usar apenas a linguagem de programação da própria máquina de jogo, chamada GDScript. Se você tem alguma familiaridade com uma linguagem como Python, a adaptação é muito suave.
Assim, depois que todos os assets (elementos gráficos, áudio, etc.) do jogo estavam prontos, foi apenas necessário importá-los ao projeto no Godot e adequar alguns tamanhos e formatos. Os outros softwares utilizados neste projeto (para gráficos e áudio) foram Inkscape, Gimp e Audacity.
Autora: Cris Botta, educadora no ETA - Espaço de Tecnologias e Artes do Sesc Vila Mariana
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